Assumindo sua terceira presidência rotativa nos últimos 12 meses, o Brasil tenta aumentar sua influência internacional em temas como sustentabilidade e reformas de instituições internacionais.
Em 2024, o Brasil recebe, pela primeira vez, as reuniões do Grupo das 20 economias mais desenvolvidas do mundo, o G20. Esta é a terceira presidência rotativa de fóruns internacionais que o Brasil assume desde a eleição de Lula (PT) em 2022, seguindo a liderança no Conselho de Segurança das Nações Unidas e a presidência Pro Tempore do MERCOSUL. Além dessas três, o Brasil, sob Lula, ainda presidirá o novo e expandido BRICS e a Conferência das Partes sobre Mudança do Clima das Nações Unidas (COP30) em 2025.
O holofote internacional trouxe para o governo a oportunidade de relançar sua política externa, buscando aproximação com países em desenvolvimento, especialmente na África e América Latina, cujas relações se distanciaram nos últimos anos. Através do G20, o Brasil busca realinhar antigas demandas, como a reforma do Conselho de Segurança da ONU e das instituições financeiras internacionais.
Em um contexto internacional muito diferente da criação do G20 em 2008, o tema da governança internacional, política e financeira, ainda é estabelecido como de grande interesse pelo governo, assim como o combate à fome, desigualdade e desenvolvimento sustentável. A forma como o governo brasileiro aborda todas essas temáticas será crucial para alcançar os objetivos desejados, especialmente em um contexto em que Lula embarca em temas polêmicos, afastando o Brasil de um centro político estratégico para o debate. Outro ponto crucial ao longo de 2024 será a eleição nos Estados Unidos. A possível volta ao poder de Donald Trump representaria um G20 sem a principal potência econômica, ou então com um presidente sem poder real na figura de um derrotado Joe Biden.
Neste contexto desafiador e dinâmico, o Brasil tem a oportunidade de consolidar sua posição como um protagonista global, promovendo a cooperação multilateral e defendendo os interesses não apenas do país, mas também dos países em desenvolvimento. A presidência do G20 oferece uma plataforma para o Brasil exercer liderança responsável e buscar soluções para os desafios globais urgentes, como a recuperação econômica pós-pandemia, a mitigação das mudanças climáticas e a promoção da justiça social.
Autor:
Vito Villar – Líder de Política Internacional na BMJ Consultores Associados.